Ora boas tardes a todos os Adões e Evas e querido Mundo em especial!
Antes de mais nada,
devo relembrar-te, Mundo,
que ontem estava meio aborrecida contigo,
porque recebi aquela notícia chata,
de que mais uma oportunidade de emprego se esvaiu por entre as minhas mãos,
assim tipo confetis cor-de-rosa (só pra não ser tudo tão deprimente).
Mas hoje, como o dia até melhorou em termos climatéricos,
até a minha alma de Eva ficou mais aclarada pelo tímido sol,
que tentava destacar-se das nuvens e nevoeiro,
par esse que teimava aglutinar-se,
numa qualquer tentativa de serem ambos mais eficazes do que cada um por si em estragar o dia ao pessoal...
Sigamos para a sequência de eventos do modo como foram percepcionados pelo meu cérebro,
dos factos que envolveram a Eva durante o seu percurso matinal:
1. Saio de casa. Autocarro da Carris. "Quero um bilhete". Ainda de cabeça baixa procuro o dinheiro. Levanto os olhos e: "SERIAL KILLER".
(
Explicação: Não é que o condutor do autocarro tinha aquela cara de pessoa que matava criancinhas na sua cave secreta?
Daquelas pessoas super estranhas que nem sequer se consegue pressentir a vibe?! Tipo nem gostas nem desgostas?
É mesmo só estranho... E depois não se ria, nao sorria, não se expressava, uma face completamente inexpressiva, uma palidez extrema e uma careca à Sto António já bem grisalha em conjunto com uns olhos azuis secos, sem qualquer brilho.... bom... terrível.
Agradeci o bilhete mas o senhor continuou sem reacção como se estivesse em modo automático.
E assim comecei o dia a temer pela minha vida...
Sorte macaca a minha que a meio do percurso trocamos de condutor e eu penso: "ahhhh... e fui semi a dormir até ao destino"
PS: Importa notar o odor a sabão azul e branco e um mofo profundo no autocarro logo pelas 11h da manhã... e claro,
o típico português velho que têm a mania que a idade é um estatuto e então pode tossir para cima das pessoas sem pôr a mão à frente!
Digamos que fiquei fulíssima!
Enerva-me esta falta de modos pá!)
2.Cheguei ao destino. Apanhar o outro autocarro. Condutor simpático e não psicótico abre-me a porta. Entro no novo autocarro. Motorista super fofinho.
(Explicação: Entro no autocarro seguinte e o motorista era um senhor tao doce,
mas tao doce e que emanava uma vibe tao delicada,
que so me apeteceu abraçá-lo!
E acho que ja o tinha visto antes no mesmo autocarro numa outra ocasião e acho que ambos soubémos disso.)
3. Evento. Seco. Rápido. Ideia Interessante. "Ok, mas já está?"
(Explicação: Fui a um evento e a ideia do mesmo era brilhante mas ficou a meu ver aquém das expectativas porque, mais uma vez, as pessoas não sabem falar!
Aliás saberem falar até sabem... mas não sabem cativar o público ouvinte.
Desde o maior monocordismo, até dizerem em público que não gostam de falar em público e que por isso temos que perdoar os seus atabalhoamentos... epá.. desmotivam logo uma pessoa.
E de repente, assim como começou... acabou!
E logo eu que perdi à vontade 1h em transportes mais os bilhetes respectivos de autocarro (1,75€ x 4) .... Foi daquelas rapidinhas onde nem a cabecinha entrou.
Ou se entrou... não senti.)
4. Falta-me algo. Preciso de me preencher. Tenho fome. Tenho que pensar. Que se lixe! Vou passear.
(Explicação: Fiquei vazia com o evento.
Senti falta de consanguinidade entre os presentes.
Ainda tentei falar com as pessoas, mas elas despacharam-me se estivessem a cumprir a sua mera obrigação de ali estar,
E então, como ninguém quis partilhar um pouco do seu mundo comigo,
Fui partilhá-lo comigo mesma.
Tinha fome, mas não comi logo,
Comi uma buchinha de pão com queijo,
(É que até o café que nos tinham oferecido no evento era água de lavar pés)
E segui viagem até um Portugal condensado em monumento e apreciei-o como nunca.
Ali as raízes fizeram-me adensar o meu orgulho em ser Portuguesa,
E a minha amargura por não nos aproveitarem,
mesmo encerrando nós um potencial e uma energia cinética incrível,
que só quem passa por nós a correr não vê.
E disfrutei de mim.
Sozinha.
E tentei não pensar muito.
Foi bom.)
4. Bubu tem fome. Bubu comeu. Bubu bebeu um café razoável. Bubu quer falar com alguém! Ninguém se presta a conversas. Vou escrever no blog! Humpf *cara de quem faz birra*
(Explicação: Não me apetecendo aturar a minha Evó,
Visto que já tinha tido a minha dose de velhice com catarro por hoje,
decidi almoçar por aí.
Comi umas bifanas com arroz e batata frita,
uma cocaquinha-frescola,
e um café.
Fui rainha.
Mas concluí uma vez mais que não gosto de nao ter com quem falar.
Um almoço não é pra se fazer sozinho!
Um almoço é para se debater nem que seja as cuecas da Eva do lado,
ou o jeitoso do Adão da frente,
ou até o estado do país (discussão que passo perfeitamente)
Mas não,
falei comigo mesma e com a coca-cola,
que por já não beber à muito tempo me fez dar um arroto tremendamente estrondoso em pleno café!
Fiz o meu Walk of shame e vim-me embora.
Queria vir falar com alguém...
Falo agora convosco.)
Tenho dito.