E sobre outras coisas imorais, e sobre o quão comum isso é hoje em dia.
Será que atravessamos uma crise de valores?
Será que não conseguimos ser fiéis por natureza a partir de um certo tempo de presença na vida das pessoas?
Será assim tão difícil conseguirmos usufruir e sermos felizes com o que temos ao invés de desejarmos constantemente mais?
Eu tenho uma opinião sobre o assunto...
Acho que a falar toda a gente se entende.
E acho por isso que antes da traição vem sempre um mau estar gerado pelo casal, um desconforto quase intestinal (por vir de dentro) que implica que algo não está bem.
Todavia se assentirmos como natural esse mesmo desconforto, como a própria metáfora intestinal indica, vai resultar no mais óbvio: vai dar merda.
Todavia acho ainda que também não podemos andar aí a despachar pessoas só porque algo se desentendeu, ou mesmo porque ao se falar não se resolveu a situação.
Talvez seja uma romântica que acredita que o amor realmente é a força que nos une, a cola que nos concerta e que faz de nós parte um do outro.
Todavia não sou tola. Não sou cega, e muito menos pouco realista.
Sei que o mundo de hoje como o conhecemos nos põe à porta o pecado, tal qual maçã do Éden aqui do estaminé da Eva, e na minha opinião, talvez hoje em dia seja mais difícil concentrarmo-nos no bom que temos, se somos constantemente bombardeados com o bom que poderíamos ter/ser ou vir a ter/vir a ser.
Assim sendo, na minha humilde opinião (que vale o que vale) sim, estamos a atravessar uma crise de valores muito complexa, onde valores como agradecer, pedir desculpa e comunicar eficazmente com quem nos rodeia vai sendo substituído por um egocentrismo cinzento que pisca tecnologicamente em tecnologia LED porque é mais eficiente. Gasta-se menos energia e é-se eficiente dizem eles, mas o referencial sobre o qual avaliam a situação é apenas o energético, e não o social. A energia depende da sociedade e a sociedade da energia, seja ela sob a forma de combustível que dá ânimo a todo o ser, seja ela a verdadeira energia de cada um que existe, é paupável, e que resulta nada mais nada menos do que da vibração das nossas células, dos átomos que as constituem e que nos permitem ser quem somos hoje. Isto porque claro, amanhã podemos vir a ser parte mineral, que é mais bonito do que dizer morrer.
Ora quanto a ser-se fiel também acredito que seja possível. Todavia exige sem sombra de dúvida trabalho. E o problema aqui é que há muita gente que gosta pouco de trabalhar ... Aliás... temos o país cheio de pessoas que querem receber mas trabalhar tá quieto!
E penso que é isso mesmo que faz com que as pessoas traiam... o não fazer o mínimo esforço para, uma vez mais, tentar resolver um problema que pode ou não existir. Para porem pontos de vista em comum primeiramente e se, na verdade não der, então aí tomam essa mesma decisão. Mas o ser humano é cobarde, e acredito que o seja por natureza e que essa é uma das coisas que devemos almejar a ser na nossa vida: é ser corajosos e frontais.
Porque se pensarmos um pouco, quem o é totalmente? Quem nunca alterou um bocadinho o seu discurso só para não dar parte fraca? Para não incomodar alguém? Para agradar alguém?
E aqui faço menção à biblía, já que sou a Eva, e digo: "Quem nunca o fez que atire a primeira pedra" pelo que aposto que a unica coisa que vai chover neste blog é a aguinha que eles andam a prever pro resto da semana.
E é isto meus senhores, penso que traições existem sim, mas só porque deixamos. Já que o nosso arranjo atómico nos proporcionou um cérebro (que por vezes nos dá que pensar) se calhar seria útil de vez em quando começar a usá-lo para coisas verdadeiramente úteis como o decidir se um minuto vale mais do que uma vida inteira.
Em resumo: amar é mesmo a solução. Mas não aquele amor lamechas dos cinemas, o amor de guerrilha e de entreajuda que já só remanesce naquele senhor que todos os dias espera pela esposa na paragem de autocarro faça chuva ou faça sol. Isso é amor de verdade e eu vi.
...Mas gostaria também de saber a vossa.
Tenho dito.