A carta que te queria escrever

Queria dizer-te muitas coisas,
todas elas ao mesmo tempo numa enxurrada de beijos
como essas chuvas que teimam em cair aí, independentemente da estação do ano.
Queria poder deslizar sobre os teus terrenos e causar ferimentos de doçura no teu coração.
Queria apenas poder ter a oportunidade de te voltar a olhar nos olhos,
De te sentir o cheiro,
De te sentir perto de novo.
De sentir que poderia fazer de ti aquilo que queria para mim,
De te respeitar,
Mas tu sabes que seria arriscado,
porque sabes-me o detalhe,
e foi nesse mesmo detalhe que me aproveitaste,
e agora me deixaste,
sem detalhares um pouco mais do que eras,
e agora,
num qualquer universo paralelo lanças-me laivos de atenção que eu não sei interpretar,
que eu gostaria de controlar mas não controlo,
e que eu gostaria de perceber.
Queria apenas perguntar-te abertamente se aquele momento foi o fim de algo que não começou, ou se foi apenas o início de algo que nunca começará.